O século XXI apresenta grandes desafios sistêmicos e muitas oportunidades para transformação pessoal e de nossa sociedade rumo a um futuro de maior equidade na experiência de felicidade e bem-estar. Somos mais de 7 bilhões de seres humanos que, ao buscarmos atender nossas necessidades, criamos estilos de vida que refletem nos padrões de consumo e modos de produção com grandes impactos sobre os ecossistemas naturais do planeta.
Esses impactos sistêmicos planetários a exemplo das mudanças climáticas, perda da biodiversidade, poluição do ar, perda das reservas de água potável, entre outros, são ao mesmo tempo indesejáveis por todos e impossíveis de serem resolvidos de maneira isolada pelos governos dos países e cidades. Surge a oportunidade de utilizar o maior atributo da espécie humana que é a intercooperação.
A Medicina do Estilo de Vida representa um convite e uma estratégia para cooperarmos de maneira engajada num movimento salutogênico ou gerador de saúde e bem-estar tanto para pessoas e outros seres vivos quanto para instituições, cidades e todos os ecossistemas planetários. Essa contribuição da Medicina do Estilo de Vida é possível porque lida com os problemas de saúde de uma maneira sistêmica e procura atuar nas causas comportamentais e ambientais geradoras das doenças e desequilíbrios.
A partir da vivência pessoal dos princípios e recomendações baseadas em evidências científicas de qualidade, a Medicina do Estilo de Vida promove mudanças de hábitos
e estilos de vida saudáveis e sustentáveis semelhante a estes quatro exemplos:
- Alimentação saudável e sustentável. Recomendação de dieta e consumo de alimentos com predomínio 80 a 90% baseados em plantas, integrais e orgânicos com redução significativa de alimentos industrializados e de origem animal. Melhora na saúde das pessoas e dos ecossistemas naturais.
- Mobilidade saudável e sustentável. Incentivo pela maior mobilidade humana através de atividade física, uso de meio de transportes alternativos como mais caminhadas
e bicicletas. Gerando redução de sedentarismo e diminuição de emissão de CO2. - Sono saudável e sustentável. Através da prática do “pôr do sol digital” promover a higiene do sono com maior sintonia dos ritmos corporais circadianos em harmonia com a luminosidade do dia e da noite, minimizando atividades em excesso com luzes artificiais e aparelhos eletrônicos. Melhor saúde com higiene do sono e economia de energia.
- Relacionamento Saudável e Sustentável. O incentivo para relacionamentos saudáveis baseados em conexões reais, face a face, com eios em parques
e natureza que resgatem o senso de pertencimento e atendam as necessidades de reconexão com a natureza. Cultivo do bem-estar bio-psico-socio-eco-espiritual produz maior atenção e cuidado com a qualidade dos ambientes naturais.
Assim, a Medicina do Estilo de Vida, com seus princípios e valores, representa grande aliada no tratamento de doenças da humanidade pelas diversas especialidades médicas, mas também como forte estratégia para promover saúde e bem-estar no contexto do desenvolvimento sustentável e da saúde planetária.
E cabe a cada um contribuir através da busca de conhecimentos, empenho nas mudanças de hábitos e compartilhamento de bons exemplos no contexto familiar, do trabalho e comunidade.
Por Roberto de Almeida, médico intensivista e membro-fundador do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida