Tudo indica que desta vez a “novela” Ceagesp, que se arrasta há vários anos e já teve muitos capítulos e personagens, deve chegar ao fim. Se todos serão felizes para sempre, só o tempo dirá.
O mais recente capítulo apresentou a reunião do governador João Doria com o presidente Jair Bolsonaro. O cenário escolhido foi Brasília onde ficou definido que a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) será transferida da União para o governo de São Paulo e mudará de endereço até o fim de 2020. A obra está estimada em R$ 1,9 bilhão.
“Até o final do ano que vem, ele estará em um novo endereço, em uma área seis vezes maior que a área que ele hoje ocupa. Com isso, vamos ter mais permissionários, uma condição melhor física e operacional. Este novo local será próximo a uma rodovia, o que permitirá uma ligação mais rápida e eficiente com o Porto de Santos e com as demais rodovias federais e estaduais”, disse Doria.
Mas até chegar a essa conclusão, muitas foram as discussões sobre um novo local para abrigar o entreposto. Uma dessas opções foi o Parque Tizo, às margens do Rodoanel, na região do km 21, nos limites entre São Paulo, Osasco e Cotia, o que não ocorreu devido ação do Ministério Público em 2002, que pediu a preservação da área de Mata Atlântica. O parque em questão virou um grande “dramalhão mexicano” e, embora tenha sido “inaugurado” oficialmente pelo então governador Geraldo Alckmin, nunca saiu do papel, o que não deve ser o caso do projeto Ceagesp.
Durante reunião com prefeitos da chamada região do Cioeste, que reúne dez municípios, entre os quais Cotia e Carapicuíba, o governo do estado apresentou um resumo dos quatro estudos para a concessão à iniciativa privada. As propostas fazem parte de estudos mais amplos, apresentados por três consórcios e uma empresa, em resposta ao chamamento público realizado pelo estado para subsidiar a elaboração do edital de concessão para implantação, operação e manutenção do Novo Centro de Abastecimento Alimentar em São Paulo, o Novo Ceasa, como ará a ser chamado.
No atual local do Centro será implantado o Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (Citi), também em parceria com a iniciativa privada. “Será o Vale do Silício de São Paulo, com 650 mil metros quadrados de área dedicada à tecnologia”, explicou o governador, que já batizou o local de “Novo Ceasa”.
O novo espaço será viabilizado por meio de recursos privados, anunciou o governo do estado. O futuro endereço não foi anunciado ainda para evitar especulação imobiliária. Mas tudo indica que pode ser Carapicuíba, mais precisamente a região da Lagoa. “A nova sede aumentaria o fluxo de veículos na região, mas seria de suma importância para a cidade abrigar o Ceagesp, pois gerará milhares de empregos e ajudará no aumento de arrecadação para o município”, disse em nota a Prefeitura de Carapicuíba.
Sugestões recebidas
1) Companhia Paulista de Desenvolvimento (D): terreno de 2 milhões de m² na avenida Raimundo Pereira de Guimarães. A proposta é operar com área construída de 482 mil de m².
2) Ideal Partners: imóvel em Santana do Parnaíba com 4 milhões de m² e sugestão de operar com área construída de 1 milhão de m². O o é pelo Rodoanel Oeste e rodovias Castello Branco e Anhanguera.
3) Fral: terreno na Lagoa de Carapicuíba, com o pelo Rodoanel Oeste, com 1,9 milhão de m² no total e área construída sugerida de 864 mil m².
4) Nesp: área com 4 milhões de m² no km 26 da Rodovia dos Bandeirantes, com o pelo Rodoanel Oeste. A área construída não foi especificada.
Por que Carapicuíba?
Tendo em vista a maior possibilidade de que o entreposto seja instalado em Carapicuíba, a redação da Circuito entrou em contato com a Frau, consultoria responsável pelo projeto na área da Lagoa que possui cerca de 1,2 milhão de metros quadrados, podendo chegar a 2 milhões em uma possível expansão futura. O projeto contempla um centro istrativo, shopping center, hotel e centro de eventos.
De acordo com a incorporadora, a área possui a melhor solução logística por ser a única que contempla os três modais: rodoviário, ferroviário e hidroviário. Esta característica permite que as cargas sejam transportadas sem sobrecarregar um único modal.
“A Lagoa foi escolhida por estar localizada em um ponto estratégico, pela proximidade com a cidade de São Paulo e rodovias que ligam todo o Brasil. Sua vocação para se tornar um entreposto logístico já consta do parecer 004 da Cetesb, que prevê um centro logístico no local”, respondeu em nota por meio de sua assessoria de imprensa.
Sendo o projeto e o local aprovados, o que deve ocorrer ainda este ano de acordo com o governador João Doria, a obra deve prosseguir em ritmo acelerado, segundo a Frau Consultoria, pois o processo de aterramento e terraplanagem atual já está sendo realizado visando um entreposto futuro.
“Além disso, por já ser uma área/projeto de recuperação ambiental, não há a necessidade de qualquer supressão de mata ou corpo hídrico. Não obstante, as análises de solo e água são realizadas regularmente, portanto os Estudos de Impacto Ambiental já possuem um arcabouço de dados importante para dar tal celeridade.”
Empregos
De acordo com o projeto, com a instalação do entreposto na cidade, além da manutenção dos empregos atuais, estima-se que cerca de 6,5 mil dos 15 mil empregados do entreposto atuais sejam de Osasco e Carapicuíba, além da criação de pelo menos mais 10 mil postos de trabalho, uma vez que a previsão de dobrar a quantidade de empresas voltadas para o abastecimento faria com que novas vagas fossem abertas.
Por Sonia Marques
Carapicuíba pode ser a nova casa do Ceagesp
Tendo em vista a maior possibilidade de que o entreposto seja instalado em Carapicuíba, na região da Lagoa, a Circuito entrou em contato com a Frau, consultoria responsável pelo projeto. De acordo com a empresa, foi escolhida por estar localizada em um ponto estratégico, pela proximidade com a cidade de São Paulo e rodovias que ligam todo o Brasil