Todo ano, milhares de alpinistas e turistas visitam o Monte Everest, deixando toneladas de lixo e até dejetos humanos pelo percurso. Muitos abandonam seus materiais de camping, garrafas de plástico e de oxigênio pelo caminho. De acordo com estimativas da Everest Summiteers Association, há cerca de 50 toneladas de lixo na montanha, esse fato deu ao Everest o apelido de ‘Lixo mais alto do mundo”. A responsabilidade pela limpeza do ecossistema está nas mãos tanto dos interesses privados, quanto da sociedade civil. Mas a solução mais eficiente é levar a educação, conscientização ambiental e esforços sustentáveis para quem trabalha na região, turistas e alpinistas.
De olho neste cenário, Caio Queiroz, sócio fundador da Mídia Sustentável, pioneiro na área de sustentabilidade ambiental, que atua há mais de 20 anos, com a empresária Mariana Britto, embarcaram rumo ao Nepal, com o intuito de ajudar a tornar realidade a missão de promover o turismo sustentável, por meio de uma campanha de conscientização ambiental e limpeza da região do Monte Everest. “O propósito é mostrar como é possível realizar uma viagem com o mínimo de impacto ambiental – basta um planejamento e organização para gerar pouco de resíduo, racionalizar o uso da água, não desperdiçar energia e ainda ajudar a reduzir os impactos já causados. Fizemos uma pesquisa pré-viagem para entender como eram as estruturas ambientais da região, para podermos interagir da melhor forma, não deixando rastros negativos.”, orienta.
O diferencial da viagem ao Everest foi a produção de um documentário, que ficará pronto em meados de fevereiro e será transmitido por um canal de aventuras. Além disso, será lançado um guia de comportamento responsável na montanha, para dividir essa experiência com as agências de viagem e os futuros montanhistas que frequentarão a região. “Queremos facilitar a obtenção dessas informações que não foram muito fáceis para nós. A ideia é ajudar a região a zerar os danos já causados e, após isso, promover a manutenção permanente”, conta Queiroz.
Para ajudar a entender o percurso, ele listou os maiores aprendizados da viagem. Confira:
Trajeto realizado pela equipe: a equipe da viagem contou com quatro participantes: Caio Queiroz, a empresária Mariana Britto, Carlos Santalena – montanhista que já atingiu o cume do Monte Everest três vezes – e o cinegrafista Gabriel Tarso, além de outros participantes. Eles ficaram um total de 21 dias, entre Kathmandu, capital, e Lukla 2800m de altitude – entrada do Parque Nacional de Sagarmatha – onde se inicia o trekking até o Base Camp do Everest. “Foram seis dias de ida e três de volta, percorrendo: Lukla – Ghat – Namche Bazaar – Phortse – Siangboche – Lobuche – Gorakshap – Base Camp 5400m de altitude. Fizemos dois cumes – Monte Nagarjune 5050m de altitude / Kalaphatar 5600 m com uma temperatura mínima de – 15°C”, narra o ambientalista.
Record na coleta de resíduos: na volta, a equipe ou em Namche Bazaar, no ecoponto da Sagarmatha Next, projeto ambiental com foco em resíduos da trilha, para buscar as ecobags preparadas com os resíduos recicláveis de alguns lodges, bares e lojas da região. “O pessoal da cidade pede que voluntariamente os trekkers levem de volta o lixo até o aeroporto de Lukla, para depois serem encaminhados para capital Kathmandu, onde serão reciclados”, acrescenta Queiroz.
A equipe decidiu bater o recorde de quantidade de bags/peso recicláveis trazidos durante o caminho para chamar a atenção dos turistas e nativos da região, além de incentivar mais pessoas a tomarem essa atitude. De acordo com Queiroz, o recorde de lixo carregado por uma equipe com 19 pessoas foram 34 bags, eles apenas com quatro pessoas carregaram 37 bags. “O recorde pessoal era de nove bags e eu carreguei 14. Confesso que foi mais difícil carregar as 14 bags com resíduos do que subir os 2 cumes e o base camp, foi muito peso nas costas durante 19 km em alta altitude, mas foi uma sensação de dever cumprido muito boa”, se emociona ao lembrar.
Lixo zero durante todo o percurso: a equipe se preocupou em consumir pensando sempre em produzir o mínimo de resíduos de embalagens (“lixo”) possível e mostrar como isso é possível. Segundo Caio Queiroz, eles coletavam a água da pia e tratavam com produtos para torná-la potável e evitar ao máximo o uso de garrafas plásticas. “Enchia meu camel back, reservatório de água que ficava na mochila, e só tomava essa água durante as refeições e trilhas, evitando comprar garrafas de vidro, de plástico e latas de refrigerante. Também levamos uma ecobag para ir coletando resíduos nas trilhas, para ajudar a zerar os impactos deixados por outros turistas e nativos”, conta.
Apenas Mariana Britto gerou um pouco de lixo de garrafas plásticas nos três primeiros dias, por medo de pegar uma infecção pela água. “Ela já ou por uma situação em que teve infecção ao beber água contaminada, mas depois confiou no processo de tratamento e zerou a geração. Essas garrafas geradas foram levadas até o final de trilha e descartadas no sistema de reciclagem. Não deixamos resíduo algum nas trilhas e descartamos o pouco gerado pela equipe no programa de reciclagem da região”, complementa.
Dicas para uma viagem ecológica: para quem vai visitar o Monte Everest, Caio indica levar uma ecobag para ir coletando seus resíduos lixo e ir descartando até pontos de descarte corretos. “Leve uma camelbak – compartimento de água para mochilas – para encher de água, juntamente com um sistema de tratamento para coletar água da pia e deixá-la potável para consumo. Também leve placa solar para carregar seus equipamentos. Caso veja resíduos (“lixo”) no chão, pegue para ajudar a zerar os impactos já causados, chame a atenção de turistas e nativos para essa questão. E não se esqueça do uso racional da água durante banhos e higiene pessoal, seja breve e não deixe luzes acesas desnecessariamente nos lodges. É possível e fácil fazer uma viagem bem próxima de impacto zero, basta planejar e se organizar”, salienta.
Produção do documentário e manual de conscientização: o documentário contará com imagens nunca exibidas dos resíduos largados na trilha, além de entrevistas com os responsáveis da coleta de lixo na montanha e pessoas que fazem a diferença nesta região. “Também entrevistamos personagens importantes que farão parte do nosso documentário, como o Tommy Gustav, responsável pela @sagarmathanext, que realiza um lindo trabalho de coleta seletiva no Sagarmatha National Park”, acrescenta.
A equipe também vai organizar um manual de sustentabilidade para um comportamento responsável na montanha – em inglês e português. “Assim, depois de alertarmos todos por meio do documentário, iremos trazer formas das pessoas criarem uma consciência ambiental e também aprendam a cuidar melhor do resíduo que gera e a forma como os descarta” comenta. O teaser do documentário ficará pronto no começo de dezembro, eles também farão uma grande divulgação na exposição de fotos e palestra que ocorrerá no espaço da Mitsubishi no Shopping JK Iguatemi, no dia 16 de Dezembro, e ficará exposta até o Natal, com entrada franca.
Sobre Caio Queiroz
Caio Pereira de Queiroz atua há mais de 20 anos no mercado socioambiental. Pioneiro no ramo de coleta seletiva, é especialista em implantação de Sistemas de Gestão de resíduos, e no desenvolvimento de programas de Marketing Ambiental. Possui expertise em programas corporativos e municipais de resíduos, publicidade e propaganda. Também é sócio da Mídia Sustentável, empresa que constrói e gere plataformas de sustentabilidade que aliam gestão ambiental, marketing socioambiental e mídia OOH, que sejam efetivas para a marca e amigáveis ao meio ambiente, deixando um legado positivo para a sociedade.