A pandemia nos fez encarar a casa. A frase é do apresentador Marcelo Tas, mas poderia ser de muitos de nós que, confinados por algumas semanas ou meses por causa da covid-19, tentamos preencher nossos dias com lives ou cursos ensinando a meditar, degustar vinho, fazer yoga, assar pão, reformar móveis e… cuidar de horta! “Sempre nos sentimos pressionados pela ansiedade do que virá e pela angústia do que perdemos, mas com o confinamento pudemos aproveitar melhor o presente, um lugar onde raramente estamos.” Para ele, ficar em casa deu o impulso que faltava para montar uma horta na laje do seu estúdio, que fica nos fundos de sua casa no Jardim Paulistano. “Tenho um terreno grande e um espaço que estava malcuidado, aí me animei a plantar umas sementes incríveis que eu tinha guardadas, como as de tomates da Espanha.”
Com a ajuda da mulher e do filho, comprou terra e mudas, desmontou um deck velho e usou as tábuas para construir os canteiros. “Sempre fui rato de loja de material de construção. Um sábado feliz para mim é um sábado dentro da Telhanorte, então comprar as ferramentas foi um prazer!”, diz. “A satisfação de ver a hortinha pronta foi incrível.”
Tas é um de dezenas de milhares de “urban rócers”, ou fazendeiros urbanos, que usam cantos de suas casas e apartamentos para plantar: tendência que ganhou força com a pandemia. Experiência ele já tinha, foi criado em fazenda perto de Ribeirão Preto e ainda pequeno já montava em cavalo chucro e ajudava a tirar leite. Desde 2000 tem uma horta e um pomar na Serra da Mantiqueira.
Relembrando – Em abril de 2009, quando comemorávamos 9 anos, Marcelo Tas foi o nosso entrevistado de capa. Na época, o jornalista recebeu nossa equipe com simpatia e nos cativou ainda, falando da evolução na tecnologia e de como isso gera rapidez na comunicação. Ao reler agora esta entrevista exclusiva, uma de suas falas – dita há onze anos – chama a atenção pela atualidade: “eu, você, as empresas, as escolas, o jornalismo, as indústrias de discos, a TV, todos, estamos vivendo uma transformação como a que a água vira vapor. Estamos mudando de ‘estado’. Não adianta ser mesquinho, preconceituoso, controlador. Temos que entender o que está acontecendo em grupo. É impossível uma pessoa só controlar uma casa, uma empresa, um país. Não é com controle que resolvemos o dilema que vivemos. Estamos cada vez mais próximos de uma ação global. O que muda é o papel de cada um, que é cada vez mais forte dentro da sua comunidade. E não é mais a comunidade física que conta é a comunidade daquele que pensa como você. E essa comunidade é capaz de mudar muita coisa”.