Segundo o professor Marcos Martinez, pesquisador exímio da história da cidade, é impossível falar do hoje sem conhecer a origem da região
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Rua Senador Feijó, na década de 1940, ainda com uma urbanização lenta. |
O que move a cidade de Cotia atual é a economia proveniente da expansão comercial do século XIV e a expansão territorial do Brasil. A chegada dos portugueses ao país e o marco da fundação de Cotia, em 1620, para ser um entreposto comercial, são acontecimentos fundamentais que explicam o crescimento acelerado que ocorre atualmente no município.
Cotia era – e ainda é − uma cidade de agem para o Sul, e a Raposo Tavares chamava-se São Paulo–Paraná.
Além da economia, outras situações motivaram o nascimento de Cotia, como a escravidão indígena e a busca por pedras preciosas. Sua emancipação política como vila aconteceu em 2 de abril de 1856. Presume-se que nesta época Cotia tivesse 4.044 habitantes.
Cotia quase some do mapa
Em 1713, Cotia mudou-se para a fazenda de Estevão Lopes de Camargo, onde atualmente é a região do São Fernando (km 28 da Raposo), para que pudesse continuar existindo. As pessoas começaram a chegar até ela pelos rios e pelas picadas indígenas que os visitantes abriam no caminho.
No século XIX, chegou o café ao mercado e, com ele, o município ganhou uma estação distante de seu núcleo urbano original, que seria depois a cidade de Itapevi. A Estrada de Ferro Sorocabana, em Itapevi. A cidade de Cotia, que tinha uma população equivalente à de São Paulo, quase desapareceu. “Toda a atenção se voltou para onde estava a ferrovia”, explica o professor Marcos. Provavelmente, foi a diminuição do tráfego de tropas de burros que trouxe a decadência ao povoado.
A Raposo voltou a ser o centro, e os bairros começaram a se formar em volta da rodovia. O rio deixou de ser referência e a estrada ou a estruturar a formação do novo núcleo. Isso aconteceu porque as pessoas estavam sendo expulsas de São Paulo pela expansão urbana. Em 1913, Cotia ava a ser preenchida pelos primeiros imigrantes japoneses, e uma importante fase agrícola teve início na região.
Na atualidade
Já na década de 1960, a Rodovia Raposo Tavares voltou a ser o principal eixo e apresentava uma linguagem própria. Deixou de existir apenas como uma linha de ligação entre Cotia e São Paulo. Nessa época, a expansão territorial ou a ser estimulada pela especulação imobiliária. Surgiram, então, nas décadas de 1970 e 1980, os bairros periféricos Jardim São Miguel, Jardim Sandra, Petrópolis, Mirante da Mata, entre outros.
A falta de infraestrutura fez com que os moradores começassem a se unir por reivindicações que foram essenciais para que as bases políticas criassem força.
O boom econômico que a região enfrenta hoje tem tudo a ver com a economia positiva do país e com a construção do Rodoanel. “A comunicação é muito fácil. Temos a Raposo, o Rodoanel e estamos próximos do Porto de Santos. Tudo isso viabiliza o crescimento da cidade, que o poder público não acompanha. Não estou falando de um ou dois políticos, mas de todo um sistema que deveria acompanhar. Existe um descomo”, explica o professor.
A GRANJA VIANA
CRESCE E APARECE
O bairro deixou de ser o quintal de São Paulo e se consolida como uma das regiões mais ricas da região oeste
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Prime Office: a estimativa é de que três mil pessoas circulem diariamente pelo local |
Assim como Alphaville, a Granja Viana e todo seu entorno vive um boom de prédios comerciais e lojas de grandes redes varejistas.
Na altura do nº 700 da Avenida São Camilo, por exemplo, foi aprovada a construção de um Pão de Açúcar e uma drogaria. O terreno mede 4.492 metros quadrados e terá 2.691 metros quadrados de área ocupada, segundo o projeto existente.
Na carona das novidades está quase uma dezena de prédios comerciais em fase de construção somente no miolo da Granja.
Pelo menos 800 escritórios devem ser inaugurados até 2012 na região.
O aquecimento econômico de Cotia começou em meados de 2000, quando foi entregue a obra pronta do trecho oeste do Rodoanel. E, desde então, a Granja vem caindo na graça dos investidores e atraindo novos moradores, que migram de diversas partes da região metropolitana. E não é somente a Granja Viana que demonstra todo esse crescimento. Em Caucaia do Alto, espaços se mostram preparados para receber novos empreendimentos. Ao lado do Posto do 39, por exemplo, será instalado, em breve, mais uma loja Habib’s e uma unidade do Sacolão Saúde. A grande preocupação, agora, é com a infraestrutura e o meio ambiente, cuja fauna e flora são alteradas a cada nova construção.
Com a finalidade de conservar as áreas naturais que invariavelmente sofrem prejuízo em detrimento do crescimento urbano, a Secretaria do Meio Ambiente e Agropecuária preconiza algumas questões como propostas de “ações futuras” para conter o desmatamento e estimular a reposição da flora nativa, mesmo que em áreas completamente urbanizadas.
Já na parte de geração de emprego a notícia é boa para os empresários. De olho no rico comércio que se instalou na cidade, a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego tem investido em vários cursos de qualificação profissional. No primeiro semestre foram qualificadas 200 pessoas no curso gratuito de informática. E, atualmente, a secretaria oferece o curso remunerado de vendedor varejista a 30 pessoas. Para 2012, a secretaria viabilizará, juntamente com seus parceiros, outros cursos de qualificação para a mão de obra em Cotia, e assim atender à demanda do mercado. Grandes construtoras estão de olho nos terrenos vazios à beira da Raposo. Pelo jeito, novidades virão em breve.
Os condomínios residenciais não ficam atrás. De acordo com a história, os primeiros empreendimentos residenciais surgiram na Granja Viana por volta do fim da década de 1960. Os mais antigos são o Jardim Mediterrâneo e o Parque Silvino Pereira, seguido pelo São Paulo II, inaugurado com 1,7 mil lotes de aproximadamente 360 metros quadrados cada um. Atualmente, a Secretaria da Habitação de Cotia chega a receber, mensalmente, muitos pedidos de alvarás para empreendimentos. A Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) divulgou que a região ganhou 11 novos empreendimentos em 2010, entre condomínios, loteamentos e centros comerciais. |
Cotia em números Todo o município cresceu consideravelmente. E, pelo andar da carruagem, não deve parar por aí. De acordo com os dados do censo, a população total no ano de 2000 era 148.987, e subiu mais de 50 mil nos últimos 11 anos, o equivalente a 25%. Detalhe: de acordo com o Censo 2010, mais de 50 mil pessoas residem na Granja Viana. Se comparados com São Roque, os números chegam a ser surpreendentes. Em 1991, a Cidade do Vinho contava com 63.900. Em 2000, este número não ultraou 67 mil pessoas. De acordo com o IBGE, em 2010 não chegava a 79 mil. |
O mercado vende hoje como Granja Viana São Paulo, Jandira, Embu das Artes e Osasco. As regiões limítrofes são chamadas e vendidas como Granja Viana. Em Cotia, quase até o Km 30 da Raposo é apontada pelos corretores como região granjeira como forma de vender e com maior facilidade. |
De olho na região
Vargem Grande Paulista terá novo polo industrial
Desenvolvimento socioeconômico, oportunidades de emprego, aumento da receita e novos investimentos. Estes serão os principais benefícios que o município de Vargem Grande Paulista ganhará com o polo industrial já aprovado e em fase de instalação entre os bairros Tijuco Preto e Parque do Agreste.
O empreendimento, localizado no quilômetro 5 da Estrada Municipal de Caucaia do Alto, próximo à entrada do bairro Parque do Agreste, foi aprovado pelo prefeito Roberto Rocha. “O projeto vem ao encontro da nossa proposta de governo, que é impulsionar o crescimento do município por meio da instalação de novas indústrias não poluentes. Graças aos incentivos e ao trabalho que estamos realizando, este é o quarto polo industrial que aprovamos”, destacou o prefeito.
De acordo com o projeto apresentado na prefeitura, a área tem mais de 166 mil metros quadrados, onde poderão ser instaladas cerca de 100 empresas. “Com a consolidação deste novo polo estaremos fortalecendo o setor industrial do município, cujos frutos serão enormes para a população de Vargem Grande Paulista. Novas empresas estão vindo para nossa cidade, e isso representa mais empregos, mais renda para os munícipes e mais investimentos na infraestrutura, saúde, educação, segurança, transporte, assistência social etc.”, enfatizou o prefeito.
São Roque acompanha crescimento da região
Em São Roque as notícias também são positivas quando o assunto é crescimento. Até 2012, 13 empreendimentos residenciais e oito comerciais devem estar funcionando na cidade.
Para tanto, é exigido que a empresa mostre planos ambientais e de infraestrutura para não haver grandes impactos, e também é estudado o trânsito para que seja assegurado se não precisará de alteração.
Para acompanhar essa expansão, a Divisão de Trânsito tem mantido contato com profissionais da área (engenheiros de tráfego, empresas de sinalização etc.) com o objetivo de fazer um estudo viário, visto que São Roque conta com 78.873 habitantes, ruas estreitas e expansão do comércio e do turismo. A Divisão de Trânsito tem trabalhado para que motoristas e a população não sejam afetados por esse crescimento.
O fortalecimento do turismo, com a elaboração de roteiros turísticos, tem ajudado no crescimento. Além do turismo, a cidade também conta com um comércio consolidado e grandes empresas que garantem empregos para a população.
Novas indústrias devem chegar a Cotia
A busca por terrenos para a implantação de novas indústrias aumentou 50%, segundo dados da Secretaria da Habitação. A região da Granja Viana, por conta de ter áreas cujos aluguéis são mais caros, tem feito com que os empreendedores do ramo industrial procurem espaços em bairros mais afastados, como a região de Caucaia do Alto.
A Rodovia Bunjiro Nakao deve receber, segundo o plano de governo de Carlão Camargo, um porto seco, terminal de cargas intermodal − o transporte intermodal é aquele que requer tráfego misto ou múltiplo, envolvendo mais de uma ou várias modalidades de transporte, e é indicado para atingir locais de difícil o.
O valor de locação de imóveis industriais no estado de São Paulo é apontado como um dos mais altos do Brasil, cujo preço médio é de R$ 15,5 o m²/mês. A região oeste da Grande São Paulo possui o maior valor de mercado no estado, com preços de aluguéis que variam de R$ 7,5 a R$ 20 o m²/mês, para imóveis industriais individuais, e de R$ 16 a R$ 25 o m²/mês, para condomínios de galpões. |
Raposo: avenida ou rodovia?
Há quem garanta que a Raposo Tavares não a de uma grande avenida. Além disso, ela se transformou em um pesadelo diário na vida de quem optou pela tranquilidade da Granja Viana.
O congestionamento da Raposo reflete-se em avenidas como a São Camilo, que possui 3,5 quilômetros de extensão, menos de 8 metros de largura, é mão dupla e recebe mais de 2 mil carros entre 7 e 10 horas da manhã. Os usuários da Avenida José Félix de Oliveira também sofrem, apesar de o fluxo de veículos ser consideravelmente menor. Isso ocorre porque ambas são as principais vias de o aos condomínios e ao comércio local.
O volume diário de veículos entre a saída da capital e a chegada à Granja Viana (km 24 da Raposo) subiu 67% nos últimos cinco anos. A Secretaria de Estado de Transportes atribui esse aumento à expansão da região e ao crescimento da frota.
Outra questão a ser considerada é a existência das cidades-dormitório. O custo com moradia é menor nas regiões mais afastadas, porém elas não são geradoras de emprego como as áreas centrais, o que implica deslocamentos constantes.
Existe um estudo para os principais gargalos atuais da cidade, e a maioria envolve obras e sinalizações.
De acordo com a prefeitura, está programada uma parceria públicoprivada (PPP) que dará um salto de qualidade nas sinalizações de Cotia com obras viárias.
O município vem apresentando um crescimento superior de 16% ao ano na frota de veículos, número registrado nos últimos três anos, restando alternativas restritas de estacionamento nas principais vias como forma de melhorar a fl uidez.
A licitação de transportes coletivos pretende melhorar a qualidade do serviço e incentivar os munícipes a utilizarem mais o transporte coletivo, visando à diminuição da circulação de carros.
Outra solução para o trânsito, que também está em estudo, é a implantação de um monotrilho. Se sair do papel, deve ficar pronto até 2016 e custará cerca de 2,25 bilhões de reais.
O que a prefeitura diz sobre o trânsito da cidade |
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• Alargamento da João Paulo Ablas A prefeitura vem investindo na reestruturação do sistema viário local e está realizando estudos para melhorar o tráfego na região da Avenida João Paulo Ablas. • Rotatória no cruzamento da José Félix com a São Camilo |